Varney - Capadocius

Varney Saturnius (Capadocius)

Os dias passaram em minha vida como as de uma mosca, imperceptíveis. Talvez eu tivesse a mesma utilidade. Quando percebi que minhas aspirações pairavam numa ansia de morte intensa e imutável. Foi assim que descobri que minha doença me causava asco. Naquela época nada mais importava, pois enquanto eu via os homens e mulheres caindo ao meu lado com corpos mutilados, eu percebi que logo estaria jundo deles. Em um momento estava eu tocando em meu próprio corpo, vendo-o despedaçar, se desfazer como areia.

Completava trinta anos de vida, e deles não lembro de ter aproveitado nem mesmo metade. Cresci toda minha vida num mosteiro, até ser abandonado decorrente minha doença. Sai de la aos espancos, "Amaldiçoado sejas por nos trazer a peste" Foram as palavras de despedida. Vaguei por semanas, sem comida, companhia e esperança. Logo fui acometido de cansaço, dor, penalizei a mim mesmo quando lancei-me em busca do nada. As lembranças de meu passado eram vagas como uma noite.


A doença me fizera parar, num estabelecimento qualquer; sujo, imundo como minha própria existencia. La me escondi, e por la eu esperaria que o anjo da morte viesse me buscar, para que finalmente eu tivesse paz. Seria realizada a sentença, Deus levaria esse corpo amaldiçoado para junto dele, eu temia, e se nem mesmo Ele o quisesse. Ficaria eu perido em corpo, e alma. Naquela mesma noite, senti que algo mudaria, senti o frio da morte se aproximar, eu suava, minhas mãos tremiam, e logo senti o beijo da morte. Era tão frio e confortante que até mesmo implorei por sua vinda. Naquele momento não me sentia mais triste, nem a dor me assolava, naquela noite, e não sentia mais nada...

.